Todos nós estamos acostumados a ouvir que crianças fazem perguntas difíceis. Nós já fomos crianças e também perguntávamos coisas que deixavam nossos pais sem saber o que responder.
No entanto, pouco se fala sobre as questões desafiadoras que os idosos podem trazer para seus cuidadores e familiares mais próximos.
Assim como as crianças, os idosos também podem expressar dúvidas que nos pegam de surpresa, sem filtros sociais, e às vezes sem um contexto claro.
Neste artigo, exploraremos algumas das principais dúvidas de uma pessoa idosa e forneceremos insights sobre como abordá-las com compreensão e empatia. Boa leitura!
De onde vem essas perguntas?
Os idosos, pela própria idade, podem ficar confusos e esquecidos sobre muitas coisas, principalmente sobre detalhes de suas vidas. As perguntas desafiadoras que fazem, muitas vezes estão enraizadas em questões cognitivas complexas, especialmente em casos de Alzheimer e demência senil.
De acordo com estudos científicos, o declínio cognitivo associado a essas condições pode resultar em lapsos de memória, confusão e dificuldade em manter a coerência nas interações sociais.
A deterioração progressiva das funções cerebrais pode levar a um estado de desorientação, onde os idosos podem expressar principais dúvidas de uma pessoa idosa sem um contexto claro ou sem considerar os padrões sociais de comunicação.
É importante entender que essas questões muitas vezes não são feitas com a intenção de confundir ou incomodar, mas sim como resultado das mudanças neurobiológicas que ocorrem no cérebro durante o envelhecimento e em condições como Alzheimer e demência.
Principais dúvidas de uma pessoa idosa: alguns exemplos
Muitas vezes, as perguntas que surgem podem vir sem filtro, sem “sensibilidade social”, o que pode deixar os familiares desconfortáveis.
Aqui na Casa de Repouso Viva Bem, nossa equipe lida com essas questões de forma compassiva, compreendendo que elas vêm de um lugar de confusão e busca por compreensão. Aqui estão 3 perguntas comuns:
Pergunta 1: Não entendo o que estão dizendo porque não faz sentido
Como responder: O mais importante é responder de forma calma, agradável e positiva a tudo o que a idosa está dizendo.
Evite questionamentos ou perguntas que exijam que eles se lembrem de coisas. O melhor é eliminar totalmente a palavra “lembrar” do seu vocabulário.
Envolva os outros sentidos no momento presente. Uma boa alternativa é mostrar fotos para que ela possa relembrar sem pressão, participar de uma atividade divertida ou relaxante, experimentar aromaterapia, fazer uma massagem suave ou ouvir alguma música favorita.
Suavemente, mude para um assunto mais leve e mais agradável para evitar um estresse para sua idosa querida.
Pergunta 2: Minha avó perguntou como estava uma pessoa querida que faleceu
Como responder: Você deve primeiro considerar se saber disso realmente beneficiará sua avó. O que ela faria com essa informação? Ela se lembraria se você contasse a verdade? Ou ela ficaria chateada, esqueceria e depois perguntaria e ficaria chateada de novo?
Dar-lhe notícias perturbadoras pode não ser bom para ela ou para você. Se ela ainda conseguir processar e reter essas informações, você pode contar. Mas se sua memória de curto prazo for fraca e ela fica facilmente chateada ou assustada, provavelmente será melhor você evitar o assunto.
Assim, evita-se prejudicá-la com informações que não será capaz de compreender totalmente. Outra coisa a se pensar é se compartilhar essa notícia é realmente bom para ela ou para você mesma.
Para muitos familiares pode significar aliviar a culpa de “reter” informações. Mas, você não deve se sentir culpada por não lhe dar notícias que só irão perturbá-la ou assustá-la. Ela não terá a capacidade de lidar com os próprios sentimentos como você faria. Portanto, não contar a ela é, na verdade, mais racional e apropriado para a situação.
Pergunta 3: Como devo responder às dolorosas perguntas emocionais que minha mãe faz repetidamente?
Como responder: A melhor abordagem é focar na emoção que está por trás da pergunta, e não nas palavras que ela está usando. Evite corrigi-la, contradizê-la ou confrontá-la.
Em vez disso, pense em aderir à realidade dela e atender às necessidades que ela não consegue comunicar. Por exemplo, uma pessoa idosa que pergunta sobre sua mãe (que já faleceu) pode estar procurando alguém ou algo para confortá-la.
Nessa situação, ofereça um abraço, um carinho ou um chá. Incentive-a gentilmente a falar sobre a aparência e os sentimentos de sua mãe e sobre as conversas que tiveram.
Outro exemplo é se alguém com demência pergunta constantemente sobre o seu marido (de quem você se divorciou há anos). Você poderia dar uma resposta genérica como “Marcos? Ele está indo muito bem.”
Em seguida, mude de assunto com calma, dizendo: “Há tantas lembranças ótimas, vamos ver algumas fotos de família”. Tire algumas fotos de família e veja suas favoritas – evitando aquelas com seu ex-marido nelas.
O que aprendi nesses anos à frente da Casa de Repouso Viva Bem?
Após 15 anos de convivência, aprendi que uma idosa em idade avançada não deve ser contrariada ou contestada. Isso só a deixará mais irritada.
Aprendi, também, que uma maneira de tranquiliza-la é prestar atenção nas principais dúvidas de uma pessoa idosa, manter um sorriso e deixá-la tranquila.
Seja atenciosa, olhe-a com ternura e carinho. Ela sente isso. Demonstre interesse por ela. Pergunte o que quer, mostre-se solícita para ajudá-la de alguma maneira.
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Juliana Teixeira da Silva, Diretora
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